domingo, 31 de julho de 2011

A mente artística

Um artista nasce diferente. (PONTO)
Isso é fato, um artista só é um artista porque vê o mundo de modo diferente das outras pessoas, ele consegue ver beleza em tudo, desde um pano sujo até o voar de uma libélula, tudo é arte.
Um criador de arte é um louco, um apixonado, vive enebriado pelas belezas da vida, não serve para a crueldade ou a esperteza, à ele só cabe a pureza do mundo, a bela visão de sua janela torna-se um convite para que seu espetáculo comece.

Escrevo este post para tentar dividir com todos o meu pequeno mundo em 2 cores, não que ele seja pequeno, muito menos em 2 cores, mas "abrangente" melhor dizendo porque os desenhos podem te mostrar tudo o que desejar e em quantas cores você bem entender.

A vida de um artista requer alguns caprichos que as demais pessoas não se dão ao luxo de ter, como um bom acervo de livros de arte e outros objetos que tornem o seu dia mais agradável, ter uma boa coleção de coisas que te agradem também nunca matou ninguém.

Ser culto é indispensável, mas se por um acaso parecer culto seja algo DIFICÍLIMO para você como é para mim, basta saber contar boas histórias e ser bom com as palavras, isso é fácil.
Quando se começa, tudo passa a fluir naturalmente, a cultura vem até você, como uma amiga.



Para um artista tudo é inspiração, alguns barcos de decoração enfileirados na prateleira podem levar sua mente longe, "E se fosse uma frota pronta para a batalha?"
estes mesmos barcos inspiraram grande parte de minhas obras, e não é para menos, a inspiração leva os seres humanos longe, grandes músicos, dançarinos e desenhistas veneram a inspiração como uma deusa, e ela é!
Cada mente artística é única e criativa ao infinito, cada uma recebeu um dom e cada uma sabe como utilizá-lo em sua devida área.
Os artistas são criaturas enlouquecidas pela beleza do mundo e não se pode torná-los sãos, GOSTAMOS DESSA LOUCURA APAIXONADA, nascemos para isso...

Uma música para este post:
http://www.youtube.com/watch?v=5u6OCMddTeE&feature=related     (vale a pena acompanhar lendo)

Sangue e açucar...

É inacreditável o poder que um único filme tem de inspirar quem o assiste, o poder que o cinema tem de fazer chorar ou rir quem se propõe a acompanhá-lo.
Ontem vi um filme que me tocou profundamente, mesmo por se tratar de um assunto que tem grande efeito para mim, a questão da escravidão; Steven Spielberg é um gênio do cinema e soube retratar com maestria o contexto da dor e desespero de quem cai cativo... o filme chama-se Amistad.

O Sierra Leona descarrega os africanos em Havana-Cuba

Terminado o filme coloquei-me me a desenhar, como faço sempre que algo me inspira, eis que surgiu a cena acima, um navio negreiro ancorado no porto de Havana descarregando os escravos em botes.
A composição do desenho por si só é triste, quase que funérea, os corpos sendo jogados do navio aos botes, e sendo chibateados na água. mas por mais assustador que possa parecer este desenho, ele retrata a verdade, e não um devaneio de um artista.

O comércio de escravos sempre foi considerado desumano e asqueroso, o pior e mais podre da humanidade, mas extremamente lucrativo, as colônias na américa pagavam horrores para ter acesso à escravos que impulsionariam o comércio de açucar, neste quesito a colônia portuguesa na américa era campeã.
Estima-se que mais de 500 navios carregados de africanos ancoraram no porto do Rio de Janeiro entre os séculos VXII à XIX, isso quando a travessia ocorria sem maiores problemas, afinal,  a maior parte do horror se passava em mar aberto.

Muitas vezes os mercadores de escravos calculavam mal a quantidade de alimento que se levaria à bordo, ou tentavam trazer mais negros do que o navio suportaria, o que acontecia em seguida era desesperador.

"A água acabará em 2 dias e o mingau já está em nível critico, para manter pelo menos 1 terço da mercadoria viva, o capitão ordenou que se jogasse ao mar as dúzias excedentes"
                                                            (diário de Bordo do Nairobi)
Impensável até onde chega a insanidade dessas pessoas, um triste relato do que os povos da África tiveram que passar até a América, um capítulo doloroso da história que estará sempre manchado de sangue...

Uma música para este Post:

La fortezza di San Rocco

O mundo estava mudando de novo, finalmente após tantos anos algo grande começou a tomar forma novamente, a europa entraria num período áureo de conquistas e enriquecimentos.
Alguma coisa nova começou a percorrer as mentes das pessoas da época, um novo modo de viver estava para nascer, era o alvorecer do renascimento...


Há alguns dias um de meus melhores amigos me designou uma tarefa importantissima, pediu-me humildemente uma de minhas obras e não vi oportunidade mais dourada que esta para fazer nascer uma obra prima que representasse o renascer da humanidade, que há tanto tempo se perdeu em suas crenças.
O renascimento foi um momento épico, ímpar na história da humanidade, em que a voz da razão finalmente falou mais alto que a voz do próprio Deus.


Um exemplo perfeito e que foi imortalizado por mim é a fortaleza de San Rocco, contruída no século XV às margens do lago Voghera na Italia para proteger a sagrada biblioteca de San Rocco dos ataques Venezianos.
O renascer do pensamento tornou a visão dos homens mais madura, mais independente e criativa, e no século da renascença, a Italia viu nascer fortes e muralhas aos milhares, grandes cidades foram muradas e armadas de canhões e as mais novas armas de guerra que o saber podia oferecer, O CONHECIMENTO DEVIA SER PROTEGIDO, a sandice imposta pela igreja católica não poderia voltar à reinar...


E por muitos anos la fortezza di San Rocco cumpriu com louvor sua gloriosa função, sobreviveu à ataques que fariam qualquer outra fortaleza sucumbir, mas aos poucos os ataques constantes deixaram o povo de San Rocco exausto, e no primeiro ano do século VXIII a cidade caiu, tomada pelos venezianos, tudo foi queimado, toda à cidade à beira do Voghera foi destruída.
Hoje esta imagem é um tributo que repousa protegido, dizem que dar uma obra de arte à uma pessoa requer muita confiança, é designar um guardião à sua obra e rezar para que ele zele por seu requinte, o ultimo resquício da grandiosa San Rocco será eterno enquanto estiver sob os cuidados de uma das pessoas mais dignas de minha confiança.

Uma música para este post:

domingo, 17 de julho de 2011

O patrono e a síndrome...

A história é um emaranhado contínuo de influências e aspirações, um grande líder sempre se espelha em outro que governou antes dele, um sonhador sempre se imagina no lugar daquele que adimira, e um artista SEMPRE é fascinado por outro artista, eu não sou excessão.
Não sou clichê de dizer que sigo os ideais de Da Vinci ou Picasso, adimiro um artista ainda vivo, e menos conhecido, sua trajetória é mais uma história de superação do que um conto de glória.



Stephen Wiltshire é um artista um tanto quanto incomum, nasceu em Londres e quando tinha 3 anos foi diagnosticado como autista, durante toda sua infância ele foi mudo, incapaz de dizer uma só palavra; Mas desde sempre foi fascinado pelo desenho, não falava, apenas desenhava tudo o que via...

Stephen desenha o Empire State


Mas Stephen não era apenas autista, ele era portador de uma anormalidade raríssima, com o passar do tempo sua habilidade para o desenho se tornou algo sobre-humano e ele era capaz de desenhar uma cidade inteira apenas observando-a uma vez.
Stephen Wiltshire possuia a síndrome de Savant, um distúrbio tão interessante quanto triste, embora ele consiga reproduzir uma imagem que tenha visto em todos os detalhes, ele não raciocina corretamente, tem a mentalidade de uma criança, e a sindrome de Savant pode piorar conforme a pessoa envelhece, pois as funções neurais também se deterioram com a idade.

Mas Stephen é uma pessoa única, um artista incomparável que o mundo talvez nunca tenha o orgulho de possuir um par, e é por isso que o adimiro tanto, espero um dia poder ao menos me igualar em qualidade à sua arte, que é tão perfeita, tão pura e verdadeira quanto um desenho de criança, mas com a resolução de um fotografia.
Nova York por Stephen Wiltshire
Mas algo de curioso acontece com Stephen enquanto desenha, ele precisa ser constantemente vigiado pois enquanto está concentrado ele esquece de se alimentar, ir ao banheiro ou dormir, ele é capaz de desenhar até a morte por exaustão, os cientistas creem que enquanto ele imagina as cidades que desenha, certas funções de seu cérebro são colocadas em segundo plano e ele simplesmente continua fazendo seus trabalhos até que esteja fraco demais para reagir.

Stephen finaliza a ilha de Manhattan

Uma música para este post:


Um presente... para o santo das causas urgentes

Nunca fui um cristão muito devoto, mas sou humano como qualquer outro, quando a vida toma um rumo inesperado eu também sinto vontade de me confortar em algo maior, mais poderoso...
Toda pessoa quando se sente amedrontada ou fraca, quando sente que está perdendo uma causa grande, procura abrigo, mesmo que na fé.
Hoje recebi uma proposta de meus pais, quase que um convite divino, fui incumbido da missão de projetar para o sítio uma pequena capela, humilde, mas que represente uma oferta digna à um santo que realmente à merece.
Santo Expedito é o santo das causas urgentes, dos aflitos e desesperados, é aquele que conforta os que perderam tudo, os que não tem nada, e os que à ele recorrem em momentos de angústia. Santo Expedito é o santo do meu pai, e agora em troca de tantos anos de auxilio, será ofertada à ele um pequeno santuário, e terei a honra de ser seu arquiteto.

A ideia original da fachada

Um presente pode assumir várias formas, mas por mais simples que seja, quando oferecido com fé, se torna uma lembrança eterna, e além do mais, todos nós possuimos atrasos em nossas vidas, causas urgentes que precisam de atenção, junto com o projeto desta capela entrego também meu pedido de auxilio.
                                                                                                           speravi in ​​Deum

Uma música para este post:
http://www.youtube.com/watch?v=neAb6TELkcQ

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Niké, a vitória...

A vitória é única, um sentimento de superioridade que inunda a alma e nos transforma em deuses, mesmo que por um minuto.
Um momento de vitória vale uma vida, é maravilhoso sentir em si a honra de ser bem sucedido, é claro que existem os que sentem prazer em ver voltados para si os olhos invejosos do inimigo derrotado, mas o verdadeiro espirito de Niké reside naqueles que transformam o sentimento de triunfo em uma vitória ainda maior, para a alma.

Niké de Atenas, armada em batalha

A mitologia diz que Athena se apaixonou por um jovem general de Olímpia e dele acabou por engravidar; Athena ao saber que seria mãe prometeu que se o general fosse vitorioso, seus descendentes seriam triunfantes pela eternidade.
Eis que Olímpia vence a guerra, e do ventre de Athena nasce uma jovem, esplendida e alada, que recebe o nome de Niké (vitória em grego).
A vitória de Samotrácia
Os atenienses adotaram Niké como sua deusa protetora, e construíram em sua honra um pequeno templo, a última construção da Acrópole de Atenas.
O templo de Niké é um dos mais belos e delicados de toda a Grécia, bem como à quem foi dedicado, Niké era feminina e delicada, doce como a própria vitória, sentimento sublime que nos deixa extasiados.

Uma música para este post:
http://www.youtube.com/watch?v=GTdj2MInlnQ

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O grande Helieu...

"-Do lado de dentro das muralhas havia estátuas de ouro, tão polidas que ofuscavam qualquer mortal;  A luz mística, que ilumina e cega,reflete o poder do deus sol"
                                                          (relato do templo de Hélio)


Lendas antigas que remontam ao período de Alexandre dizem que em Halicarnasso havia um templo gigantesco, maior e mais imponente que o próprio parthenon de Atenas e que seus jardins de macieiras eram ladeados de estátuas de ouro maciço que eram capazes de cegar viajantes à quilômetros de distância.
Era batizado de Helieu, o templo de Hélio, o deus do sol, que puxava a carruagem celeste através dos céus.

O frontão decorado do templo de Hélio representa a procissão do sol
A carruagem de Hélio era puxada por 4 cavalos de fogo denominados Bóreas (vento do norte), Zéfiros ( o vento do sul), Euros ( o vento do leste) e Nothos ( o vento do oeste), todos os dias Hélio subia em sua carruagem no oriente e atravessava a Terra até afundar nos mares do ocidente, e renascia no dia seguinte para refazer a tarefa.


Atualmente não existem mais vestigios do grande Helieu, relatos dizem que foi saqueado e incendiado quando Halicarnasso foi tomada pelos persas.

Uma música para este post: